sábado, 13 de dezembro de 2008

S.O.S

Vou escrever na areia da praia...

vou revelar minha angústia

Vou manifestar meu grito

Vou deixar que água doce da lagoa

apague as impressões do arrepio!

SCS - Suélen Campos da Silva

Sustrela

Maria e João

Maria e João
Numa tarde úmida de uma chuva tímida num inverno presente.
Maria diz a João: - Eu quero amar!
João, indiferente, responde: - Não posso!
Maria, curiosa, pergunta: - Por quê?
João, afrontado, responde: - Não me interessa!
Maria pressiona: - Por quê?
João, irritado, responde: - Eu não tenho tempo para amar.
Amar é pra quem tem paciência e persistência.
Pra que amar se hoje o que importa é ter prazer?
De qualquer forma e a qualquer preço. E é tão fácil se obter prazer...
Todo o tipo de prazer ainda que barato, vulgar e banal.
Amar é difícil, é muito compromisso.
Não tenho tempo para isso... Pra cultivar sentimentos e esperar ele crescer como se fosse uma plantinha.
- Pra quê?
Se o que vale é os momentos de pequenas sensações, prazeres, adrenalina, gozo.
Maria adverte: - Tu falas de prazer por prazer que perde seu sentido após um breve instante, fugaz, que acaba!
João admite: - É, acaba.
Daí é só buscar uma nova aventura, uma nova sensação, o prazer, como tu disse...
Maria conclui: - Passageiro, vão.
João resume: - É, mas numa “história de amor” nem tudo são flores, tem dias bons e ruins.
Eu quero só a parte boa. Não tenho tempo para romance, não me interessa amar porque eu não aprendi a querer isso – amor!
Maria, sem querer, deixa transbordar algumas lágrimas de seus olhos tristonhos.
E insiste: - Se tu quiseste eu te ensinaria a amar e nós dois aprenderíamos juntos, pois eu ainda não sei amar. Mas eu quero aprender!
João replica: - E eu não! Você é tola e romântica, tu não entendes nada de relacionamento nos dias de hoje.
- Maria, em que época tu vive?
- Tens que aproveitar o momento e fazer valer à pena!
Maria responde: - Fernando Pessoa escreveu que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.- A minha alma, João, é sim romântica e sonhadora, é poeta. E não vou desistir de querer encontrar amor, anseia por quem tenha amor bastante para repartir com um aprendiz. Falo de amor bastante nas palavras de Paulo Leminski.
João dá um risinho debochado de quem tem alma pequena e não consegue compreender o sentido, a suavidade e a beleza da fala alucinante de Maria.
Palavras que desabrocham de seus lábios, úmidos e ávidos, como botões de rosa de cores e aromas variados, intentando colorir e perfumar o mundo inodoro, insípido, preto e branco, superficial, lógico e sem graça de João.
Ele, então, se cala.O silêncio invade a sala.
A chuva passa, o céu se abre, o frio sede uma trégua e um pôr do sol se assanha no horizonte.
E Maria da janela contempla a mudança. Suas lágrimas secam e dão lugar a um sorriso que desponta em seu rosto. Nasce nela um riso travesso que é um misto de riso de criança com riso de sábio. Sorriso de criança que não se cansa de acreditar e de sábio que sabe esperar pelo amor que vai chegar – em todas as suas formas.
Seu sorriso irradia esperança e ilumina a casa ofuscando João que está acomodado no sofá.
Maria olha, ainda na janela, e espera... Um olhar vivo e intenso que talvez a aguarde na próxima curva da estrada da vida.

29/06/08 Suélen Campos da Silva

Grito Sentido

Um sentir sem sentido quero experimentar

De um desejo que devém do delírio

Numa sede insana de uma bebida que profana meu corpo

Quero me embeber no doce fel...

Encontrar no céu da tua boca o silêncio que sufoca o meu grito.

Suélen Campos da Silva- SCS - Sustrela

Na madrugada quente de 30/10/2008

Desencontro do silêncio com o estrondo

O meu silêncio se rompeu
não com o estrondo,
mas com o encontro
daquele arrepio na minha pele...

Aconteceu um estrondo –
uma explosão em meu ser.

Turbilhão de emoções,
palavras e (sem)sentidos.

Caos habitado por amor e ódio
se contrapondo e se confundindo
num mesmo sentir sem sentido.

Território desconhecidodo qual
não sei se fujoou se o enfrento.

SCS - Suélen Campos da Silva – 07/05/08

Sustrela