domingo, 21 de dezembro de 2008

Abertura


Abertura

Tentei abrir um caminho
Para o teu coração

Bati a tua porta
E a deixaste entreaberta

Mas, ali não estavas
Para me convidar a entrar

Passei a enviar
Bilhetes por baixo da porta
Com os mais belos versos
Que pude encontrar

Versos cheios de encanto,
Grávidos de desejo,
Fartos de doçura,
Apenas uma travessura
De menina curiosa e faceira.

E nada de tu vires
Até a porta,
Nem um ruído,
Gemido ou grito
Só o silêncio bandido
Que como espada, de guerreiro hostil,
retalha meu coração pequenino e vadio.

E ainda assim eu queria
Adentrar pela abertura,
Pela brecha, pelo buraco da agulha
Por onde te espio.

Mais que isso queria
Escancarar essa porta
Te surpreender entre as cortinas
Do palco onde atuas, danças

Onde improvisas personagens diversos
Partes de ti, quebra-cabeça
Que não te descrevem, mas dão pistas...

Ah!
Como queria navegar
Nesse rio revolto
De águas negras e gélidas
Que me separam
Da tua oponente e indeferente
Presença fugaz

Estranha distância
Que me paralisa e assanha.

Pierrô, Colombina ou Arlecrim, qual és?
Quem sou?

Minha sina é
Te (ad) mirar ao longe!

Noite ilusão – 03/12/2008
Suélen Campos da Silva