terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Traduzir-se



Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.

Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.

Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.

Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.

Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - será arte?

Ferreira Gullar


*Tela Nuno Gaspar


Aurora


Aurora

Sinto muito meu amor
Por ti não chorarei
Quero é amar, ter, estar

Assumo minha insanidade!
Desato os nós que me atavam a camisa de força
Deito e rolo pelos campos da liberdade.

Colho suas flores do desejo
E deixo desabrochar
As rosas de amores.

Vejo suas cores,
Faço arte com elas,
Degusto seus sabores
Para matar a minha fome...

Experimento a cada instante
Labirintos distantes do corpo
E próximos da alma
Por onde atropelada
Pela aurora da vida.

Tarde malandra de domingo, 23/11/2008.

Suélen Campos da Silva – SCS

Convite ( Uma mensagem de Natal)




Convido-te a amar, a cantar, a dançar, a viver...
Tudo que a vida pode te dar se souberes plantar e colher, lutar e persistir, alcançar, ajudar, acolher, dar e receber a ti e ao outro, perdoando e aprendendo a perdoar.
Sorrindo e chorando, sentindo o vento da mudança, de outros tempos...
Construindo um mundo mais humano, compreensivo e de paz. Mas, não a que gera a guerra e sim a paz – que nasce e emerge de dentro de nós, vêm do fundo de nossos corações que se complementa e se fortalece no estar bem com o outro que faz parte de nós e do qual fazemos parte.
Novamente te convido a amar, porém amar sem sofrimento, com respeito ao outro e a si mesmo, com cuidado, compreensão, comunicação, paixão de se deixar e se permitir ser amado.
A cantar o que quiseres contanto que seja com alegria aliviando a alma, limpando a mente e aquecendo o coração. Cantando todos uma mesma canção de esperança e união.
A dançar o que quiseres libertar o corpo sentindo seus movimentos e suas vibrações, se deixando levar por uma melodia que harmonize seu ser, estar e seu fazer...
Dançar com o outro a dança do encontro com o prazer de conviver com ele em comunhão e espera.
A viver, se arriscar, sonhar, ousar, errar, acertar, duvidar, brincar, enfrentar desafios, superar obstáculos, continuar...
Uma busca infinita de saber, saber aprender e saber ensinar que a vida é sonhar – sonhos que não são só nossos também de outros – e realizar!

2004 (Reflexão escrita durante a faculdade de Pedagogia/UFPel).

Suélen Campos da Silva - Sustrela