quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dancing- Elisa



(Tradução)
O tempo vai tomar minha mente
E levá-la para longe, onde eu possa voar
A intensidade da vida vai diminuir
Minha tentação de viver para você

Se eu estivesse sozinha
O silêncio iria arrasar as minhas lágrimas
Porque tudo isso é amor e eu sei bem
Como a vida é uma pluma tremulando

Então ponho meus braços em volta de você, em volta de você
E sei que eu vou embora em breve
Meus olhos estão em você, eles estão em você
E você vê que eu não consigo parar de tremer

Não, eu não vou voltar atrás
Mas vou olhar para baixo para me esconder dos seus olhos
Porque o que eu sinto é tão lindo
E estou com medo que até o meu próprio fôlego
Oh poderia estoura-lo se fosse uma bolha
E é melhor eu ter um sonho se eu tiver que lutar

Então ponho meus braços em volta de você, em volta de você
E espero que eu não faça nada errado
Meus olhos estão em você, eles estão em você
E espero que você não me magoe

Estou dançando no quarto como se estivesse no campo com você
Sem precisar de nada além de música
A música é a razão pela qual eu sei que o tempo ainda existe
O tempo ainda existe
O tempo ainda existe

Então ponho meus braços em volta de você, em volta de você
E espero que eu não faça nada errado
Meus olhos estão em você, eles estão em você
E espero que você não me magoe
meus braços em volta de você, em volta de você
E espero que eu não faça nada errado
Meus olhos estão em você, eles estão em você
E espero que você não me magoe

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Permitir-se



Abre olhos, respira fundo e decide.
Faz a mala e o coração dispara, a boca úmida de desejo não se contem de alegria e medo.
Suspira ansiosamente.

Embarca com o coração na boca,como companhias: o receio, a dúvida, a alegria.
A expectativa na mala.
Se veste de desejo e desce ao se destino reluzindo esperança.

Vive segundos, minutos, horas, sob a lua e as estrelas e ao pôr do sol transpirando de emoções singelas e quentes que desenham sorrisos e lágrimas em seu rosto.

Se entrega ainda que com desconfiança ao novo, ao desconhecido
percebe no toque o afeto de quem não desistiu de ter uma chance, alimentando num cantinho do peito a fé no amor.

Se contagia na sinceridade de um olhar persistente e profundo e promete regressar aos braços de quem bem soube lhe afagar.

Porque me destes motivos e provas para acreditar que perder o equilibrio por amor é fazer a vida ter sentido!

Suélen Campos da Silva- 03/11/2010

Surpresas


Com o coração acelerado e a boca seca milhares
se arriscam noite afora em busca de um desconhecido.
A cada tecla, uma palavra forma desejos, medos, enganos e mentiras
Um rosto é uma sombra que compõe uma fantasia,
nesse teatro, verdades são raras.

E numa noite qualquer de um dia comum duas almas
dispostas e inquietas se encontram...

Sem nada a perder, sem nada a esperar, apenas estar por estar para ver o que vai dar.
Mas a vida é perseguir linhas que buscamos planejar e seguir traços bem alicerçados, porém ela não se submete ao nosso controle.
Essas linhas tornam-se curvas que não se dobram ao nosso caminhar, nós é que nos dobramos a vida e dançamos no ritmo que ela desejar...
Assim de forma surpreendente uma sombra numa tela, se torna clara iluminando uma vida de espera e materializando um forte sentimento inesperado.

A maior das surpresas é descobrir que um olhar distante presente numa lente latente e paciente manifesta mais carinho e entrega do que aquele olhar carente e mal resolvido do ombro ao lado.

Dizem que é melhor não trocar o certo pelo duvidoso.
Aprendi que a dúvida pode ser a maior das certezas quando se fala de amar.

Suélen Campos da Silva- 03/11/2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Filho do Vento


Enquanto a chuva não vem
aplacar a sede da terra

A seca no meu coração impera
O solo onde um dia floresceu o nosso amor
é coberto pelas cinzas da paixão que nos guiava.

No cárcere do forte que ergueram ao teu redor
és prisioneira e cumpres a pena do amor incondicional.

Réu confessa te entregas a tortura, calada, resignada.
Os juízes vangloriam-se do teu pesar.

Tua vida se esvai em pequenas gotas ora de lágrimas ora de
suor e sangue...

Eu observo, participo, e não aguento
invado as ruínas de teu castelo contrito,
luto desesperadamente para te salvar.

A derrota me acompanha
porque duelo contigo
minha esperança se dissipa no tempo...

Quando te machuco, largo as armas e fujo do embate.

E tu passas de agressora à vitima carregando a
cruz da culpa que recusas a deixar.

Passos duros e pesados
me levam para fora do forte,
para longe de ti,
tento voltar depressa, mas um labirinto
de estradas me confundem, todas as direções são contrárias a tua.

Fora do forte o deserto
é o que me espera
a solidão me cerca.

Raízes mortas me enlaçam,
sinto-me sufocar quando elas pressionam meu coração
e tudo em mim resseca.

Enquanto doas tua vida,
anulando desejos e sonhos

Eu me retorço
tentando segurar
meu último sopro de vida.

É nesse esforço
que o chão que nos une se rompe
o forte e o deserto se distanciam...

Separadas,cada uma num universo paralelo e oposto, estamos.

Enquanto cavas incosciente uma cova
onde não decidistes ainda, se enterarás a ti ou a tua culpa,
Eu me arrasto fraca, internamente amarga, pele rachada,
rasgada de dor e revolta, em meu deserto.


Continuo aguardando a chuva,
e que ela venha a cair sobre mim,
como petálas de lírios com doçura e ternura,
remendando as feridas da minha pele abatida.

Que ao beber dessa chuva eu renasça,
sentindo a vida pulsar novamente nas veias.

O meu coração só precisa de asas,
pois a inércia não é seu ninho,
a sombra não lhe ofusca o brilho.
Sua casa não tem endereço fixo, não quer mais porto.
Esse meu coração é Filho do Vento!

Suélen Campos da Silva- 08/07/10

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Partida


Ainda ontem você passou por mim e sorrias. A vida continuou corriqueira e apressada.
Tanto eu como você vivíamos os dias quebrando relógios na ânsia de segurar o tempo nas mãos, sem se dar conta que ele escorre entre os dedos...
E numa hora incerta, desapercebidamente e violantemente se vai a vida. E cá estou abismada com o destino, o tempo que não pará. Tento me acostumar à idéia de que a morte é uma passagem.
E passaste,você que nem cheguei a conhecer, mas que ontem cruzava o meu caminho, partiu, deixando saudades no peito de quem te amará e te lembrará.
Que estejas na luz, perseguindo estrelas para reluzir o brilho de teu amor, calorosamente confortando os corações que aqui te recordam.

Para R.V. - Suélen Campos da Silva

Mensagem


O que podemos dizer sobre a vida, a não ser que esta é uma passagem. Um caminho que se percorre em busca de um objetivo. Uma estrada para plantar e colher flores pelo caminho ou espinhos. A escolha é livre e cada um saberá ensaiar os seus passos, a forma como imprimirá suas marcas na estrada da vida. Uns optam por semear amor, bondade e caridade outros o ódio, a ganância e a vigança.
De certo que todos vamos para outro lugar após a morte. Um novo passo a ser dado depois que abrimos a porta que encerra o primeiro ato de nossa existência na terra.E há tanto à descobrir,que o homem teme quando se dá por pequenino diante da vida e da imensidão do amor de Deus.
Por isso importa, enquanto realizamos nosso pequeno passeio na terra, amar e valorizar os que são queridos por nós. Desapegar-nos do material, trabalhar nossa espiritualidade para as mudanças que ocasionam perdas e ganhos em nossa caminhada terrena. Situações, desafios, obstáculos já traçados pelo pai que, com nosso consentimento, nos levam a crescer e preparar-nos para a evolução.
De certo meus irmãos, não soframos demais pelos entes queridos que terminam sua tarefa na terra anterior a nossa. Saibam que eles já fizeram sua parte e já estão prontos para ir. Esses foram escolhidos em comum acordo para aprender conosco na passagem terrena. E no mais tenham fé!
Viver é só escrever uma nova página a cada belo amanhecer.

Paulo Sérgio - Mentor espirutual, psicografia de SCS

terça-feira, 23 de março de 2010

É


É como chuva de verão disputando um pedaço do céu com os raios do sol.

É como uma queda de braço entre gladiadores famintos pela glória.
Dois devassos a brincar de esconde-esconde.

Desabo e me perco em teu corpo,arranco tua casca, me delicio ao degustar tua essência, me amarro nas tranças dos teus cabelos

Tua boca selvagem me mastiga...

Inerte e embebida em teu suor forasteiro
retorno a cair no abismo de tua posse insana.

Mais uma vez, mais, mais...

Teus espinhos, tatuam meu corpo vibrante

Assinas com tuas garras teu nome em minha pele felina

Equilibro-me na corda bamba e traiçoeira da tua paixão visceral.

Suélen Campos da Silva- Madrugada devastadora e ardente de 22/03/10

domingo, 7 de março de 2010

Telha de vidro





Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

Rachel de Queiroz

Embriaguês




Deve- se estar sempre bêbado.
É a única questão.
Afim de não se sentir o fardo horrível do tempo, que parte tuas espáduas e te dobra sobre a terra. É preciso te embriagares
sem trégua.

Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude?
A teu gosto mas embriaga-te.

E se alguma vez sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de uma vala, na sombria solidão de teu quarto, tu te encontras com a embriaguez já minorada ou finda, peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa, a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala, a tudo aquilo que geme. Pergunte que horas são.
E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, te responderão.

É hora de se embriagar !!!

Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te. Embriaga-te sem cessar.

De vinho, de poesia ou de virtude. A teu gosto...

(Charles Baudelaire)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Posse intemporal




Fazer amor contigo
não é espelhar teu corpo nu
no vítreo do meu espaço
não é sentir-me possuída
ou possuir-te

É ir buscar-te
ao abismo de milénios de existência
e trazer-te livre.

Manuela Amaral

domingo, 10 de janeiro de 2010

Quem nos Ama não Menos nos Limita



Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido

De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,

Homem, é igual aos deuses.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa