segunda-feira, 20 de abril de 2009

Gambiara II



Sigo, caminhando vou indo. Eu e a gambiarra.
De repente a escuridão se ilumina. A luz impera quase me cega...
Então vejo, contemplo o estranho território e percebo que não estou só nele há vida, presenças, coisas que não sei como definir e talvez, não deva. Me relaciono com elas, converso com elas, escuto e experimento.
No território me deparo com a imagem de um Furacão – é o caos que se corporifica, são linhas (de fuga?) em espiral. Seguem movimentos circulares intensos e violentos de fluxos e intensidades que atravessam o território que entram e saem dele.
Assustada, temo!
Estarrecida e fascinada percebo que ao dar o próximo passo vou ser absorvida pelo Furação (caos), ser parte dele e permitir que ele me leve pelo território. E assim escutar, conversar com as intensidades, fluxos e reagir a eles.
Respiro fundo, tomo coragem e dou o próximo passo.
Meu corpo adere, se liga, ao caos sou parte do Furacão, suas linhas deslizam sobre o meu corpo, o enlaçam, mas não o prendem. Sinto-me solta e descubro que me movimento dentro de limites, palavras de ordem, sociedade de controle e consumo que me constrói e instruí como andar e como ser. Limitada dentro de muros visíveis e invisíveis que quero ultrapassar. Essas linhas de fuga, do caos, me instigam a romper com essas amarras, a pular esses muros, a transitar pelas fronteiras dos territórios.
Sou chamada a dançar, a me mexer, a me balançar no girar contínuo e intenso das linhas em espiral.
Digo, sim!
Danço com o caos em meio ao território.
Ouço uma canção... Escuto.
02/06/2008