segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Borboleta e o cravo - Parte Final


Deu o último beijo, mas se estranharam
os lábios de tanto desejo gasto,
aquelas pétalas que tanto lhe inspiraram,
aquele gosto de aventura que lhe entorpeceu
de repente se perdeu.

Sua pele não se encontrou com a do cravo, houve o atrito.

Aquele beijo que noutra hora havia sido tão saboroso
tinha gosto de sangue, eram espinhos que lhe feriram.

A borboleta havia aprendido muito com o cravo,
mas era chegada a hora de seguir adiante.

Como outras vezes havia tentado andar, mas agora era diferente
O laço que unia seus corpos tinha sido rasgado
O cravo tentava desesperadamente atar-se à borboleta
Porém era tarde, a borboleta já havia se soltado.

Partiu.

Uma página dessa história era encerrada.

Voou, contemplou novamente o jardim
fez círculos no ar e traçou linhas de fuga nas nuvens
Resolveu pousar e parar pra pensar...

Percebeu que refletir, aprender com suas experiências era doído e prazeroso ao mesmo tempo
Pensou nas muitas vezes que chorou e sorriu,
argumentou consigo mesma que viver
é uma soma desses pequenos momentos que são pedaços nossos...

Estava ali, quieta
assistindo ao pôr-do-sol,
ainda procurando respostas para suas dúvidas

Pensou em voz alta,
se questionando sobre seu vôo, achava-se desajeitada ao voar:
- Será que é equilíbrio que me falta?

Um lírio que passava sempre por ali resolveu responder:
- O equilíbrio é uma ilusão.

Olhou para o lírio e seu rosto se iluminou, apesar de já chegar a noite, para a borboleta era como se fosse chegada a aurora.

A borboleta e o lírio sorriram juntos.
Estava escrita uma nova página nessa história.

Suélen Campos da Silva 28/09/09

sábado, 12 de setembro de 2009

Corpos moldados




Vibra, adere
cola e descola

Morde e arranha,
fome avassaladora

Entorta, ajeita
derrama, inflama
queima, esfria
derrete e gela

Mexe, pára
afasta e aproxima

Deliciosa e amarga,
delira...

Acorda, dorme
dispensa e aceita

Se entrega, rejeita

Que pavor, dispara
retorna, gira em volta, vira de cabeça para baixo
se recompõe e recomeça...

Devassos se enfrentam e se amam.

Scs 11/09/09

Confesso




Não vou mais lutar

cansei de tentar parar de te amar

Quando o amor acontece
não dá para evitar

Correr e fugir não vai adiantar

se é que com você que quero estar

Por mais que eu não queira me machucar

Meus olhos estão a brilhar

A luz do luar que me faz sonhar


essa paixão vai me arrebatar

porque nos teus braços vou ficar.

Suélen Campos da Silva

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Conhecer




Sou mais do que dizem
e menos do que pensam

Não persigo, persisto, arrisco, alcanço

Não desisto dos meus desejos, sonhos
enfrento meus medos

Me dou, me entrego, me mostro, me fecho
subo, desço, mudo, recomeço

Sigo adiante e espero ansiosa pela próxima toca,
sempre há maravilhas a desvelar.

Suélen Campos da Silva - madrugada furtiva - 02.09.09

Não nego




Não vou negar que eu te quis
Não vou negar que tentei,
eu tentei, eu quis te amar

até que o amor por mim
falou mais forte
até que a ilusão
denunciou que amor não é posse

A paixão é mesmo uma chama,
e ardeu, queimou.
Ainda estou cuidando das feridas
Trocando de pele,
deixando sangrar

Estou renascendo e já virei a página,
o passado não lamento,
folhas secas que juntei no caminho
joguei na fogueira e as cinzas deixei o vento levar.


Suélen Campos da Silva - decidida na madrugada nublada. 02.09.09

Cigarro e flores


Cigarros e flores

Hoje fumei cinco cigarros

O primeiro para sentir o gosto mentolado

O segundo para ficar tonta

O terceiro para esquecer

O quarto porque estava doendo

O quinto para acalmar

Tomei vinho azedo vinagre

Que patético!

Momento destrutivo

Podei a árvore,

logo chega a primavera

as flores irão brotar...

SCS