sexta-feira, 9 de julho de 2010

Filho do Vento


Enquanto a chuva não vem
aplacar a sede da terra

A seca no meu coração impera
O solo onde um dia floresceu o nosso amor
é coberto pelas cinzas da paixão que nos guiava.

No cárcere do forte que ergueram ao teu redor
és prisioneira e cumpres a pena do amor incondicional.

Réu confessa te entregas a tortura, calada, resignada.
Os juízes vangloriam-se do teu pesar.

Tua vida se esvai em pequenas gotas ora de lágrimas ora de
suor e sangue...

Eu observo, participo, e não aguento
invado as ruínas de teu castelo contrito,
luto desesperadamente para te salvar.

A derrota me acompanha
porque duelo contigo
minha esperança se dissipa no tempo...

Quando te machuco, largo as armas e fujo do embate.

E tu passas de agressora à vitima carregando a
cruz da culpa que recusas a deixar.

Passos duros e pesados
me levam para fora do forte,
para longe de ti,
tento voltar depressa, mas um labirinto
de estradas me confundem, todas as direções são contrárias a tua.

Fora do forte o deserto
é o que me espera
a solidão me cerca.

Raízes mortas me enlaçam,
sinto-me sufocar quando elas pressionam meu coração
e tudo em mim resseca.

Enquanto doas tua vida,
anulando desejos e sonhos

Eu me retorço
tentando segurar
meu último sopro de vida.

É nesse esforço
que o chão que nos une se rompe
o forte e o deserto se distanciam...

Separadas,cada uma num universo paralelo e oposto, estamos.

Enquanto cavas incosciente uma cova
onde não decidistes ainda, se enterarás a ti ou a tua culpa,
Eu me arrasto fraca, internamente amarga, pele rachada,
rasgada de dor e revolta, em meu deserto.


Continuo aguardando a chuva,
e que ela venha a cair sobre mim,
como petálas de lírios com doçura e ternura,
remendando as feridas da minha pele abatida.

Que ao beber dessa chuva eu renasça,
sentindo a vida pulsar novamente nas veias.

O meu coração só precisa de asas,
pois a inércia não é seu ninho,
a sombra não lhe ofusca o brilho.
Sua casa não tem endereço fixo, não quer mais porto.
Esse meu coração é Filho do Vento!

Suélen Campos da Silva- 08/07/10