segunda-feira, 16 de março de 2009

A borboleta e a flor de lótus



No casulo dormia docemente...
Alguns raios de sol a despertaram.
Acordou e admirou o horizonte se revelando ao seu olhar curioso e afoito.

Escutou o vento a cantar e um exótico perfume lhe despertou os sentidos.
Arrepiou a pele fina e ardente, sentiu-se aquecida, seu corpo todo vibrou.

Sentiu o sangue pulsar, o pequenino coração estava vivo.
Então se mexeu, contorceu e finalmente rompeu o casulo, caiu no solo úmido e complacente acolhendo seu ser indefeso e assustado.

Deparou-se com uma estonteante flor de lótus exalando aquele perfume encorajador que a seduziu...
Desejante e apaixonada almejou estar com ela, para com um beijo amar - de um jeito simples e forte - suas pétalas instigantes.

Estremeceu e quase enlouqueceu pois, não conseguiu alcançá-la, rastejou-se com esforço, mas não chegou ao menos aos seus pés.

Desesperou-se e chorou compulsivamente, sofridamente.
Seu pranto formou uma poça d'água.
Aproximou-se e se reconheceu, admirou, surpresa: descobriu que tem asas.

Borboleta, livre?
Tem que aprender a voar...

Suélen Campos da Silva-Sustrela