segunda-feira, 23 de março de 2009

A Borboleta e o Cravo


Tinha que aprender a voar.
Porém, não sabia como iria realizar tal feito.
A flor de lótus parecia estar se distanciando mais e mais.
O medo e a ansiedade frustravam suas tentativas de voar. Remexia-se, balançava, até mesmo tremia e agitava as belas asas, mas voar que é bom nada!
Faltava algo, percebia que aonde estava jamais conseguiria voar.
Continuou se arrastando e avançou alguns metros adentrando no Jardim da invenção revelada.
Deslumbrou-se havia tantas flores tão ou mais lindas e sedutoras quanto àquela flor de lótus.
Animou-se queria conhecer, sentir a textura, o perfume de cada uma daquelas outras flores, queria beijá-las curiosa e habilmente. Queria rascunhar um atalho para o coração de cada uma...
Para isso necessitava, urgentemente, saber voar!
Entristeceu-se, mas com coragem resolveu pedir ajuda e perguntou as flores se alguma delas poderia lhe contar o segredo de voar.
Dirigiu-se, em especial, a flor de lótus, que ao longe pareceu não a ouvir, gritou e procurou chamar sua atenção, mas ela a ignorou.
Outras flores ao seu redor, ensaiaram algumas respostas.
Diziam:
- Você tem que se balançar!
Outra sugeriu: - Role de um lado para outro!
Uma arriscou: - Ande em ziguezague...
E por fim: - Gire sem parar até começar a voar.
A borboleta tentou tudo e se cansou, se machucou, ficou atordoada.
Sem esperanças aquietou-se.
É quando um Cravo excêntrico e muito alegre resolveu lhe ajudar:
- Pequenina Borboleta eu sei qual o segredo para voar.
- Qual é me conte por favor? Implorou, cheia
de entusiasmo.
O Cravo prontamente respondeu: - Atravesse o Jardim e encontrarás ao fim dele um abismo. Aproxime-se, sinta o vento brincar com suas asas, tome coragem recue um pouco, corra e...Pule!
Muda a borboleta sentiu-se desfalecer, amparada pelas outras flores, voltou a si. Elas lhe advertiram que o Cravo era louco, para não crer em suas palavras, ela ficou confusa, sem saber o que faria.
Procurou pela flor de lótus, mas seus olhos não a alcançavam mais...
Pensou e refletiu, resolveu atravessar o Jardim, o Cravo a seguiu.
Ao fim do Jardim havia mesmo um abismo, concluíu que o Cravo não era tão louco assim, mas tinha certeza de que se desse errado a morte seria certa.
Ponderou e decidiu que era melhor morrer tentando do que nunca tentar, morreria de qualquer forma entediada e triste se ficasse inerte, sem saber voar e presa no Jardim sem poder tocar suas flores.
O Cravo lhe encorajava e revelava: - Não tema, às vezes é necessário sentir-se morrer para começar a viver, arrisque!
Chegou à beira do abismo, espiou, temeu, paralisou, mas o desejo em voar era mais forte, recuou e bravamente, intensamente correu e pulou...
Seu corpo caiu no abismo, abriu os olhos e começou a mergulhar na escuridão, sentiu uma brisa envolver-lhe, se entregou àquelas sensações de medo e prazer, e por instinto suas asas começaram a bater. Aos poucos abandonou a escuridão para encontrar com os raios de sol, tudo era azul ao seu redor, havia algumas manchas grandes e brancas mas podia atravessá-las, sentiu-se tão leve e explodiu de felicidade. Olhou para baixo o jardim estava distante, muito abaixo dela... Emocionou-se, estava voando!
Dirigiu-se, cheia de orgulho, ao Jardim onde o Cravo a esperava, pousou de mansinho e com ternura para beijá-lo com delírio.

Suélen Campos da Silva.